domingo, 5 de agosto de 2012

Parada para o chá.


   Quando eu era criança e morava no Mato Grosso, era muito amiga de uma menina que estudava comigo, e ela era sobrinha da nossa professora. Isso foi na época em que eu ainda chamava professoras de tias.
   Certo dia, minha amiguinha me chamou para ir no sítio da professora, para brincar. Até hoje eu penso nesse dia, tenho certeza que o tempo pode ter distorcido algumas das lembranças, mas distorcidas ou não, o bucolismo daquele momento me marcou fortemente. 
   Existe algo na luz de fim de tarde, que muda de lugar para lugar, aqui na Paraíba é algo puxado para o cor de rosa no verão e um tanto azul no inverno, no Mato Grosso, a luz de fim de tarde no verão é dourada. Dourada de verdade. Pelo menos nas minhas lembranças distorcidas de saudade.
   Foi em um fim de tarde, aos meus seis anos de idade, no sítio de uma professora, com um feixe de luz dourada entrando pela porta da cozinha, que eu tomei chá pela primeira vez na minha vida. 
  Quatorze anos depois, falando besteira na casa de uma amiga, olhando um fim de tarde azulado pela varanda, com um gole praticamente voltei no tempo. É engraçado como algo tão simples te faz lembrar tão perfeitamente de uma sensação, e essa sensação te faz querer mudar sua vida e seus planos tão urgentemente. 
   Era para ser apenas um chá!